Estupidez

Me prometa que só o fará quando não houverem mais torniquetes, quando não quiserem mais silenciar sua dor, quando não puderem. Apenas quando tudo te sufocar a ponto de querer deixar de travar. Somente sair, livremente, descontroladamente, por lugares que sua sensatez há de guiar.
Por onde ninguém anda, ninguém, nem mesmo sua conciência. Para que possa falsamente desabafar num vazio tão vazio que ocupa lugar. Para que de pesada se torne um pouco mais leve, um pouco menos farta de descontetamentos tão rotineiros e repetitivos. Para que sua angústia projetada pela sua extrema e desconfortável perfeição, possa sair e voar livremente, até se cansar e pousar novamente onde sempre esteve. Esta não se perde, não se cansa, e não se esgota. Só pede tempo de tempos em tempos, até que volte e perturbe mais uma vez a sua leve insensatez de sorrir um pouco.