Fetermina

Quando foi que eu deixei você sair ?
Não lembro de ter permitido que você levasse consigo minha sanidade, meus sorrisos, minha razão. Não sei quando foi que lhe permiti me sufocar, me inspirar, não lembro de ter te visto, ou beijado, mas me lembro bem, de sentir o gosto do seu nunca e o sabor do seu não posso. Eu quero que vá, mas preciso que fique. Só que não posso te impedir de estar, onde quer que esteja. Já cansei de imaginar o contorno dos seus lábios, o peso do seu corpo sobre o meu, já parei de ver as tardes de beleza e amor que nunca existiram fora da minha mente. Já parei de amar, o amor que eu nunca entendi, e já parei de ser quem eu sou. Agora eu aceito que você seja parte de uma coisa que nunca existiu pra ser vivida, mas o suficiente pra ser lembrada e lembrada. Pra ser sufocada em cada noite não dormida, em cada decepção, em toda ferida. Eu posso aceitar que você seja uma coisa que eu não sei mesmo se é, mas não posso aceitar que se vá pra sempre, porque eu sinto no fundo da minha insanidade esperança que uma hora ou outra. Você há de voltar.