sábado, 2 de outubro de 2010

Estrada


Nos cantos frios de outra cidade, na conversa raza que passa a tomar uma profundidade desinteressante e cansativa. No desconhecido e superficial.

Dentro de um carro escuro, tudo que havia era um senhor e uma menina. Um que pouco entendia da vida e outro que muito sabia. Como ela saberia ? Não saberia, os papéis estavam trocados, nunca fora assim antes. Então ela disse, contou o que poucos sabem, o que sempre vem precedido de "Eu nunca disse isto para ninguém" e no doce soar das palavras timidas ela se calou assustada. A interrupção cortante e grosseira daquele senhor a fez calar-se. "Menina, isso que você quer é egoísmo, é frieza, quer afastar quem com toda essa maldade ? É de amar que você está com medo, não é?" Subtamente ela sentiu o ar sair todo de dentro daquele carro. Como pôde ? Como pôde ele, um desconhecido dizer tanto ? Dizer o que ninguém até então havia dito ou percebido ? O silêncio predominou naquele momento tornando-se o fim daquela conversa raza. Tudo que ela queria era sair do carro, mas já estava pago o preço daquela corrida. Durante todo o caminho repetidamente ela pensava, "Como pôde, como pôde?" Ao descer do carro, ela respirou aliviada, quando tudo que disse ao motorista foi. "Como pôde me dizer tão facilmente o que ninguém - nem eu mesma nunca soube compreender ?"

Um sorriso e boa noite foi tudo que ela teve como resposta.

Mas na resposta já havia muito mais.

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Damien Rice ~

Cried when she sould and she laughed when she could ~